sexta-feira, agosto 25, 2006

Breve história da música sertaneja

A música sertaneja passou em sua história por diversas fases. O início com duplas de violeiros trazidos do interior de São Paulo, por Cornélio Pires para apresentarem em teatros e gravarem discos. Os grandes nomes desta fase foram: Mariano e Caçula, Mandi e Sorocabinha, Paraguassu e Sebastiãozinho, além do próprio Cornélio.

Nos anos 50 várias apareceram as primeiras gravações de boleros, guarânias e rasqueado. Em 1956 a dupla Cascatinha e Inhana gravaram duas guarânias Índia e Meu Primeiro Amor, com versões feitas por José Fortuna (que tornaria um grande compositor da música sertaneja nos ano 70 e 80). A dupla Palmeira e Biá gravou em 1958 a música "Boneca Cobiçada", autoria de Bolinha e Biá. O sucesso foi tanto que Palmeira tornou-se diretor artístico da gravadora Chantecler. Palmeira e Biá gravam também neste mesmo ano Ana Paula, versão italiana de um rock-balada.

No início dos anos 60, o goiano Miltinho Rodrigues fez dupla com Tibagi e gravam Malagueña, a primeira música a usar instrumentos eletrônicos, como contrabaixo e bateria. A música não obteve sucesso esperado pela gravadora, devido a inovação. Naquele início de anos 60, os sucessos eram o rock dos Beatles e o iê, iê, iê de Roberto Carlos. As duplas além de mudarem o estilo musical, o visual também foi alterado. Misturando música mexicana, paraguaia, mato-grossense, italiana, bolero, etc surgiu então a denominada jovem música sertaneja. Em 1961, o Duo Glacial formado pelos irmãos Miguel e Aninha gravam a música "Orgulho" de José Fortuna e ganham o 1º lugar no Festival Sertanejo da Rádio Nacional. A dupla Pedro Bento e Zé da Estrada conseguiram seu primeiro sucesso em 1957, com uma valsa "Seresteiro da Lua" e em seguida seria a dupla que mais gravaria música do tipo "mariachi". Entraram embalados com o sucesso obtido por Miguel Aceves Mejía, figura extravagante com seu chapelão mexicano, vozeirão e emoção desbragada. As duplas queriam gravar rancheiras e com o som vibrante dos sopros mariachis, elementos que foram incorporados a música.

O caminho a ser seguido apontava para Belmonte e Amaraí e Tibagi e Miltinho que tinham incluído nos seus discos orquestas e guitarras, mas o repertório continuava com as guarânias, boleros e rancheiras. Eis que surge Léo Canhoto e Robertinho em 1969, com o discurso de modernização da música. As gravadoras gostaram disso e apostaram. Misturaram os trajes de boiadeiro e roqueiro. Camisas com cores berrantes abertas ao peito, grandes medalhões no pescoço e pulseiras nos braços. Os cabelos grandes. E na capa do disco apareciam montados em possantes motocicletas. A ala tradicional da música chiou, mas o caminho a seguir daí em diante era este. A dupla foi discriminada nos corredores da gravadora e nas rádios, mas o sucesso veio que uma forma devastadora. Batiam todos os recordes de vendas no disco, os circos lotados e as fãs quase enlouqueciam. Sem dúvida alguma, Léo Canhoto e Robertinho tiveram grande importância na renovação da música sertaneja.

Os filmes de bang-bang italianos faziam muito sucesso nesta época e também influenciaram as duplas, assim como também o western americano. No rastro de Léo Canhoto e Robertinho vieram muitas outras duplas, tais como Milionário e Zé Rico. Este estilo de música duraria todo os anos 70. Diz Paulo Rocco, diretor artístico da Continental que "antigamente gravava-se em um ou dois dias e a qualidade era péssima". Aos poucos, os sertanejos foram melhorando a qualidade de seus trabalhos, com a ajuda de profissionais que trabalhavam com cantores brasileiros que gravavam em inglês, tipo de música de muito sucesso nos anos 70 e do qual podemos citar Fábio Júnior e Chrystian (da dupla Crystian e Ralf). Com estes profissionais a parte técnica melhorou e o visual das capas dos discos. "Em 1981 lancei Carlos Cezar e Cristiano e pela primeira vez a música sertaneja utilizou-se de trabalho de marketing sério", diz Daniel Salinas, conceituado maestro no meio sertanejo.

Em 1982, outro marco na música sertaneja. Chitãozinho e Xororó, com mais de 10 anos de estrada lançam a música "Fio de Cabelo" que bateu a marca de um milhão e meio de cópias vendidas. Daí em diante as rancheiras e guarânias ganharam uma roupagem pop separando de vez a música tradicional da jovem música sertaneja. A música "De igual prá igual" da dupla Matogrosso e Mathias seria o grande sucesso de 1985. Roberta Miranda que fez parceria com Matogrosso nesta música ficaria famosa e emplacaria vários sucessos na sua voz e na de outras duplas, nos anos seguintes. Em 1986, com a música "Contradições" de Martinha e César Augusto, os espaços nas rádios abriram para Leandro e Leonardo. A consolidação do sucesso viria em seguida com "Solidão", composto por um desconhecido, Zezé di Camargo. Em 1989 viria a explosão do sucesso de Leandro e Leonardo com "Entre Tapas e Beijos".

Na era Collor, em 1991, Zezé di Camargo e Luciano estouram com a música "É o Amor" e depois não mais sairiam das paradas de sucesso, juntamente com Chitãozinho de Xororó e Leandro e Leonardo.

Artigo escrito baseado nos livros "Música Caipira-Da Roça ao Rodeio" de Rosa Nepomuceno; "O que é Música Sertaneja" de Waldenyr Caldas; e "Jornal Sertanejo" edição Nº 153.

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